sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Meu lugar - nosso lugar

Ferve o cinza, jorra cidade!
Meninos e meninas debaixo do papelão,
que faz a noite estrelada no chão.
Ferve, grita!
Cidade amarela, do inferno de Dante,
no caminho das forjas.
Ferve!
Peleja o homem, sopra a chaminé,
desconhece cada um dos seus habitantes.
Babilônia, Sodoma, Iroshima...
Volta do rio que envolve seus poetas,
artistas, lunáticos.
Ferve cinza!
Geme cidade!
De noite os homens se juntam
sob a mesma fumaça, sob o mesmo pó.
Dormem homens.
Amanhecem aço.
Ferve cidade!
Grita aço!





quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Sarau Poesia em Volta - Os sonhos não envelhecem

Um dia, sonhei que poderíamos ser um movimento cultural. Um dia, sonhei que precisaria de muitos braços e vozes pra realizar esse sonho. Um dia, achei que só com muito dinheiro iria realizar esse sonho. HOJE eu vivi esse sonho! Com braços, vozes e pessoas que valem mais que milhares de cifrões. HOJE eu tenho a TOCA DO ARIGÓ para que esse sonho e muitos outros possam ser realizados. Cultura se faz fazendo. 

Nunca andei de pires na mão pedindo esmola para poder público, embora eu tenha certeza que é obrigação do poder socializar a cultura. Um dia, eu disse que tinha o sonho de ser secretária de cultura na minha cidade. Não preciso disso! Tenho muito mais poder com a palavra e com atitude do que com uma caneta na mão! Obrigada Carlos Eduardo GiglioAnderson Alves de SouzaJair de AssisWesley FariaFelipe Raposo FoxDaiane LandimEduardo André SodréDébora Evellyn,Edimar ZambroniVinicius Brandao, e todos que estão fazendo essa realidade comigo. Feliz 21012 de cultura pra todos nós. Nós merecemos.


Giglio - nosso querido revolucionário


Apenas uma parte da galera na Toca do Arigó


Eu e a obra de arte do André Sodré.




Graziela linda lendo Viviane Mosé




quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SARAU POESIA EM VOLTA - HOJE NA TOCA DO ARIGÓ

Lá na Toca do Arigó, Rua Luiz Gomes Vieira, 39 - São João - (Subida entre os bares do Gaúcho e Tetel)
20:00 até 23:30 

Poeta Oculto 

Sarau de Natal 

Presenças maravilhosas

O ambiente da Toca 

Hot Toca (um show)




Uma amostra do que teremos hoje!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

DIAS BRANCOS - crônica


Eu não vou prometer o sol. Nem a chuva, mesmo porque ela já tem caído o suficiente. Aliás, quem sou eu para prometer alguma coisa pra alguém. Meu desejo é que tenhamos dias brancos.

Mais brancos do que folha de papel, porque mesmo sem nada escrito, ela já se comprometeu com a árvore que foi cortada ou com a mistura em que foi reciclada. Mais que o branco das duzentas saias das baianas, todas juntas, banhando as escadarias do Bonfim. Muito além do branco das camisetas marchando em passeatas na orla da praia, ou no centro das grandes cidades, pedindo paz.
Falo do branco que se vê na alma dos mexicanos que, no início da primavera, assim se vestem para renovar suas energias no alto das pirâmides deixadas por seus ancestrais pré-colombianos em quase todo o país. É a Terra sendo fecundada pelo Sol, dando início a um novo ciclo de vida. Poderíamos ir ao alto do Corcovado, de Itatiaia, no Pico da Bandeira, subir no topo do Brasil, para assistirmos ao Sol fecundando a nova Terra Brasilis.
Do branco que fazia Joana D?arc, a heroína, transformar-se em alvo fácil nas batalhas, com o objetivo de transmitir coragem e liderança ao restante do grupo. Ao contrário do Thiago Lacerda, que achou seu herói de olho roxo, ainda não encontrei o meu nesta batalha; pelo contrário, penso que perdi um.
Espalhar a alegria do branco dos Filhos de Gandhi desfilando na luz de Salvador, pelas ruas, avenidas, salões, bancos, assembléias, enfim, onde se escondem no manto escuro da corrupção aqueles que não levantam seus traseiros, acomodados nas cadeiras de burocratas.
Quero o branco quase anjo. Daqueles que acreditam que quando expiamo-nos dos nossos pecados e nos elevamos espiritualmente, somos "quase como anjos". Este branco, nenhum sabão pode dar.
Para lavar a lama desses últimos dias que a chuva fez por aí. Uma lavagem de nossas almas, nossos compromissos, nossas esperanças. Fazendo um trava línguas: o aval do mala, a lama na vala, lava a alma.
regina vilarinhos
texto escrito em 2005 - sem adaptação

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Leituras - A Hora de Clarice Fotos



Fotos de Jair de Assis - Dia 10/12/2012.
Lilica lendo Felicidade Clandestina.






Giovana Damaceno - Lindas leituras

 Uma parte do grupo na Livraria Veredas.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Plantador de Luas

Sou plantador de Luas.
Semeio luas para distribuir ilusões?
Não! Sou semeador de brilho,
planto sonhos possíveis.
Pingando prata em noites sem estrelas
e deixando seus olhos cheios de paz!
Sou plantador de Luas.
Caminheiro das nuvens,
deixo murmúrios em seus ouvidos.
Esse luar que te deixa tonto,
brinda um tanto de mim
em seu corpo.



regina vilarinhos

domingo, 27 de novembro de 2011

Moto Contínuo

Enquanto o dia adormece
todos os dias...
Cada vez que o sol abre teus olhos
todos os dias...
fica essa vontade de voar
pousar no meio do circo
e fazê-lo pegar fogo.
Cada palavra presa entre os lábios
todos os dias...
A distância que nos afasta
todos os dias...
leva para além os meus sonhos,
onde toca a música dos meus desejos.

O olhar que não brilhou
todos os dias...
Tantos abraços que foram perdidos
todos os dias...
Deixaram um vazio de ti
somaram a saudade em mim.

regina vilarinhos

domingo, 20 de novembro de 2011

Tempo de sentir Para Kalu e Cristina


Eu estou vendo o tempo passar
não como seu prisioneiro
nem como um tonto.

Vendo-o passar,
no nascer e por-do-sol,
na brisa do mar, no canto do vento.
Esse meu tempo
em que beijo o luar
que sonha na minha janela.

Eu sou seu dono
e minhas mãos que guardam-no.
O resto desse tempo
nos olhos de minha amada
compartilho a luz da felicidade.


regina vilarinhos


Estoy viendo pasar el tiempo
no como un preso
o como un tonto.

Al verlo pasar,
al amanecer y al atardecer,
en la brisa del mar, el viento en la esquina.
Este es mi tiempo
donde la luz de la luna beso
soñando en mi ventana.

Yo soy el dueño
y mis manos la guardia.
El resto del tiempo
a los ojos de mi amada
compartir la luz de la felicidad.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

SARAU POESIA EM VOLTA - 9 DE NOVEMBRO DE 2011


O público que ia chegando e se aconchegando.


Cláudia, Marcelo Felício, eu mesma e o Fox. Do bem essa raposinha.

Ramon e sua estreia na poesia. Poesia em Volta faz isso e mais.


Nadia lendo poesia do Tarcísio.

Tarcísio se abrindo em versos.





Giglio e seus poemas e sua atitude e sua verdade.



Marcelo Felício - testemunha presencial do 9 de novembro de 1988
Sarau sem amor não fica bom.

Bernardo Maurício que nos fez a surpresa.

A reverência dos jovens


Amigas sempre são bem vindas.
Claudia contando as histórias dos arigós em Volta Redonda.

Ataque

No canto do galo, tomaram a rua,
mochilas pesadas, cabeças em brasa,
o que pesava era a alma,
o peito, descompassava.

Sumiram na neblina, cinco para o norte,
seis para o sul, dois no leste.
No comando, de dentro da van,
o mais forte.

Lá no campanário, pronto.
Também na torre, no alto do morro,
faltavam dois.

Porteiro abriu o prédio.
Roleta, elevador, hall,
janela.

Mochilas abertas.

Elas voavam, muitas,
milhares delas, caiam
sobre as árvores, nos outros prédios,
sobre as cabeças.

De todas as cores, tamanhos
e leves,
elas, as poesias.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Até logo, companheiros!

ATÉ LOGO COMPANHEIROS
Brasil Lul Diogo

Passos largos
nas botinas operárias
levando fortes braços
para a dura produção
- na testa a confiança na luta –
lá vão eles,
lá vão eles para dentro da usina.

Qual é o turno,
qual é o turno,
qual é o turno?
Um é das oito,
outro das quatro,
e um ainda da zero
hora da manhã,
do amanhã que não veio mas que um dia virá.

Oito horas depois todos saem,
para a rua, para casa.

Ontem três entraram
mas não saíram.
Dobraram? Não. Tombaram.
Já vi sangue em cima dos trilhos
de aço que o obreiro forjou.
Já vi operário partido nos trilhos.
Mas agora, o que vejo?
Vejo operários morrendo
na forja do aço que é seu.
Amanhã, os das oito,
das quatro e da zero
hora de outro amanhã,
forjarão trilhos com sangue,
mais minério que vem de Minas
e o carvão que vem do sul,
com nova consciência de luta.

Já vi meus irmãos morrerem de fome,
por falta de emprego.
Mas agora, o que vejo?
Vejo patrícios morrerem no emprego,
das balas covardes
que o povo pagou.
Até já, companheiros!
Junto aos teus órfãos e viúvas
aqui ficaremos,
mas sem silêncio,
sem silêncio.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Em caráter irrevogável

Em caráter irrevogável, eu hoje não quero roubar, corromper, mentir barato, bater em cachorro morto, passar trote pra ninguém.

Em caráter irrevogável eu não quero desacreditar nos meus eleitos, nos caras que eu conheço de perto, no ponto de vista de quem sabe como é difícil acreditar em idealismos. Em caráter irrevogável, eu não quero acreditar que é tudo farinha do mesmo saco.

Em caráter irrevogável, eu não quero ouvir pagode, funk, pancadão, música axé, nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã.

Em caráter irrevogável, eu hoje não quero ouvir nem ler noticiário político, eu hoje não quero ficar lendo tolices no twitter, eu hoje não quero pensar que somos todos idiotas.

Em caráter irrevogável, eu não leio mais artigo de gente que se delicia em fazer da acidez seu alimento diário. Eu não quero ler artigo de quem se julga entender daquilo que não entende, começando sua fala mais apurada com "essa juventude de hoje" ou "o jovem não sabe o que quer".

Em caráeter irrevogável, eu quero estar bem perto da minha família, aquela mesma de sangue. Eu quero saber que meus amigos são bons, mas quem sabe de mim mesmo é minha mãe e meu pai.

Em caráter irrevogável, eu quero estar bem.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Coração

Explodiu dentro do peito
sem tiro ou facada
ferido, arrebentado.

Sangrou, de escorrer na calçada
sujando tudo,
o malvado.

regina vilarinhos

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ÁRVORE POEMA

Rimas e raízes
flores e versos,
sombreiam a alma em seu quintal.
Descansa poesia,
da catarse matinal.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SARAU POESIA EM VOLTA


QUARTA, DIA 19/10 - ÀS 20 HORAS - Vamos voltar com o sarau, agora na TOCA DO ARIGÓ.

Rua Luis Gomes Vieira, 39 - São João (subida entre o bar do Gaúcho e Tetel)
Leia seu poema ou de outro autor. Traga seu livro preferido, pode recitar, declamar, fazer performance, fazer trova, repente, de cor ou lendo, o importante é VOCÊ chegar junto! Com chuva ou sem chuva!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Bebida

Dose dupla, com gelo
que é pra refrescar a garganta
e
a alma.

Mais uma, mais uma.
Bebo e esqueço;
Bebo porque mereço; bebo.

Um porre de fazer gosto.

Coragem.
Que é preciso,
pra seguir viagem.

regina vilarinhos

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Memórias de um amor

Quero que você guarde de mim o perfume doce
impregnado em suas roupas.
A lembrança do esmalte vermelho em meus dedos,
quando alisei sua boca.
O sabor de hortelã das manhãs que acordamos juntos,
o cheiro do café passado, tomado na cama.
Quero que você se recorde da lingerie preta,
dos lençóis acetinados...
das melodias de Gil, Jobim e Marisa Monte,
da poesia de Caetano,
dos sons do corpo em explosão,
cada vez que nos tocávamos.
Quero estar gravada como um código genético,
clonada em você para sempre.

regina vilarinhos

sábado, 1 de outubro de 2011

Caminho meu

A viagem que faço entre o verso(na minha mente ainda), as palavras e você do outro lado, é meu caminho sonoro, no tom que te sensibilize. Aqui no começo, a intenção é que encontrar-te aí, a espera do meu canto simples.

domingo, 25 de setembro de 2011

SOL


Bola de fogo que
sobe e desce
todos os dias.
Céu, que te
dói na vista
todos os dias.
Calor,
esse do caralho
que te arde
todos os dias...
cinzas.

regina vilarinhos

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Feliz mulher no dia-a dia

A escolha de ser mulher nos é dada a todo minuto.
Lembro de quando era menina e tinha de escolher entre o rosa e o azul; quando adolescente, entre ser enfermeira ou professora; mais tarde, entre casar ou ser “titia”.
A opção de cada uma deve ser respeitada, e hoje sabemos que existe muito mais a escolher quando se resolve ser mulher de verdade. Percorremos caminhos difíceis como todos, quando resolvemos ser íntegras, verdadeiras, cidadãs, trabalhadoras, profissionais, éticas, mães, esposas, amantes, amadas, enfim, quando resolvemos a rota para encontrar nossa felicidade.

Em cada etapa de nossas vidas, vemos o mundo com olhos diferentes, com a sensibilidade que nos é particular. Aprendemos caindo e levantando. Manchamos muitas blusas com nossa maquiagem borrada pelas lágrimas. Marcamos muitas bochechas de nossas amigas, de nossos amigos, dos nossos filhos e dos nossos amores de vermelho batom.

Muitos reduzem nossas escolhas entre sermos louras ou morenas, gordas ou magras, fashion ou brega, de cabelos brancos ou com luzes, inteligente ou burra.
A nossa escolha é sermos humanas!

Assim, não é apenas um simples duelo de quem é melhor, de quem sabe mais, de quem é o mais forte. Estamos juntas com os homens para fazermos o equilíbrio energético do planeta.

Se existe o sim, nós podemos ser não.
Se existe a noite, nós chegamos de dia.
Se existe o Sol, nós brilhamos com a Lua.
Se existe o mar, nós somos terra firme.
Se existem retas, nós ensinamos as curvas.
Se existe o cinza, nós temos as cores do arco-íris.
Se existe o velho, nós somos crianças.
Se existe o rude, nos mostramos o belo.
Se existe muita prosa, nós falamos poesia.
O melhor de tudo é estarmos vivas e prontas para sermos felizes um dia de cada vez!

regina vilarinhos

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Desfile de sempre


É na alma que encontramos o samba-enredo de nosso desfile diário pra vida. Ela, a alma, é a passista de nossa felicidade!

Regina Vilarinhos
imagem Sharon Menezes

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Olhos cheios d´água

Olhos cheios d´água

Esse jeito da gente olhar para o outro e querer que se enxergue as palavras.
E eu queria um dia dizer para todos palavras tão simples,
que não precisassem ser apagadas e reescritas,
pois todas as partes que me conhecem,
todas as partes que me prendem,
em cada um dos meus amigos,
são feitas de simplicidade.
De qualquer lugar onde pudessem me ver e ouvir,
saberiam que elas me anunciavam.
Meu primeiro ai, saindo da dor que não explico,
sobre a vontade que tenho de cuidar de cada um de meus amores.
Todo os meus "até logo" precisavam ser "não se vá".
Nenhum deles nunca couberam dentro de minha mão,
mas sempre estiveram lá.
Nem sempre me deram razão, mas sempre me acharam razoável.
De tudo o que soubesse dizer, nada poderia sair por completo antes de minha boca completar a fala.
O prato que servi, a comida que fiz, não tem sabor de ver que guardo nos meus olhos.
Ver foto de Elvis, ouvir mpb, assistir um filme de amor,
pensar nas melhores amigas, dormir com a filha,
tomar chopp, sorvete,
sentir o vento no rosto, fazer o café,
viajar em boa companhia
e lembrar de não esquecer a chuva no telhado,
me fazendo crer que estou em Passa Quatro.
Se fosse só saudade seria fácil explicar,
mas nem de amor é bom falar,
porque fica perdida a metafísica do jeito
mais que de ser poeta, mas de querer ser perfeito.

regina vilarinhos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Da polêmica - do Grobo - Do Mestre Affonso

A palavra de um mestre para nos elucidar sempre. Salve Affonso!
http://www.radiometropole.com.br/radio/?menu=WWxjNWVtUklTbWhZTWs1MllsZFdkV1JIUm5saFZ6Zzk=&id=VGxSRk1rOUJQVDA9

Ele e sua grande sabedoria.

regina vilarinhos

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Para Sergio Vaz

Cooperifa


Para causar tumulto,um poeta só não basta,
nem precisa ser muito culto, tampouco cineasta.

Quarta-feira, noite alta, festa de poetas Cooperifa,
qualquer um vira Califa, mandando versos na ribalta.

Irmãos de fé, confraria, gente diferenciada,
sem medo da academia e prontos pra qualquer parada.

regina vilarinhos

visitem www.colecionadordepedras1.blogspot.com

sábado, 16 de abril de 2011

Perplexidade

PERPLEXIDADE

O que dói descompassadamente,
o que ondula e te transpassa
por toda a existência da noite,
por toda a permanência do vento,
de teu desalento
ninguém te salva.

Perdida a tua simplicidade, de onde sorrirás?
Perdida a tua sensibilidade, onde permanecerás?

Nessa labareda infinita no peito
sofre, descompassada, a mente.
E perdeste a árvore crescendo
perdeste o sol nascendo.

Do nome completo de crianças,
Do nome completo de algozes
Do nome e da essência completa de
Mães. Das mães, a mão ao piano.

Anoitecerá,
amanhecerá,
entardecerá;
por do sol será...

Como o sol doura as casas dos réprobros!
Poderei odiá-los sem desfazer no sol?” Álvaro de Campos


regina vilarinhos

sábado, 9 de abril de 2011

Bebida

Dose dupla, com gelo
que é pra refrescar a garganta
e
a alma.

Mais uma, mais uma.
Bebo e esqueço;
Bebo porque mereço; bebo.

Um porre de fazer gosto.

Coragem.
Que é preciso,
pra seguir viagem.

regina vilarinhos

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

Cura Poesia

Regina Vilarinhos

Poesia pra mim é cura. Não para doença ou vício.
Pode ser na palavra escrita, na música ouvida, na foto revelada ou na dança valsada.
Sinto, toco, caminho poesia todos os dias, por entre minha rua, entre os prédios e seus jardins. Vejo poesia na placa do carro dos amores que vem e vão, nos olhos brilhantes de meus pais, na cama forrada com limpos lençóis.
Bato com poesia na cara quando o vento fecha a porta,
dói poesia nos joelhos quando caio no chão.
Como poesia com café com pão, feijão com arroz,
com coca gelada, na mesa para dois.
Vinho poesia, cervejo poesia, choro poesia, grito poesia.
Roupa lavada com poesia.
Amaciante, pregador, varal e passada a ferro, a poesia.
Em rio de poesia, nado de costas.
Em dia de poesia, ofusco os olhos no sol.
Poesia em pedra dura,
poesia-me com quem andas,
mais vale duas poesias nas mãos...
Aliás, é um tratamento, que nem sei se termina, mas que me alivia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A saudade que dele me dá

Texo de 2006 - como é bom colocá-lo aqui.

A saudade que dele me dá

Algumas pessoas neste mundo já experimentaram fazer amor bem cedo. Quando falo bem cedo, é bem antes de 8 da manhã, antes do relógio despertar. Não é fazer amor na hora em que acorda. É fazer amor antes de dormir, ou não dormir e fazer amor até a hora de acordar. Difícil de entender? Simples demais. Você e seu amor vão para a cama, na hora de sempre ou um pouco mais tarde, sei lá. Aí, se juntam, se aquecem, se namoram, e conversam. Uma conversa muito diferente de todas as outras, longa, interessante, envolvente, cotidiana mas sedutora. Sua cabeça acha o lugar certinho junto ao ombro dele, e o braço te envolve, quente e acolhedor.

Nesse instante, ambos descobrem que os olhos do outro são de um castanho diferente, ninguém tem cor igual. A luz tem que ficar acesa. Os olhos brilhantes de todos os dias, mas nunca de uma noite igual a essa. E os assuntos vão crescendo, se multiplicando. Descobrimos que temos muito tempo para conversar, afinal de contas, ainda são 2 horas e só preciso abrir o ponto às 8 horas.
O perfume do xampu no cabelo dele te lembra o dia em que fizeram dois meses de namoro, você preparou a casa para recebê-lo e ele chegou tão cansado - "Preciso de um banho!" -, mal reparando em você. E depois, lhe deu um grande beijo dizendo que a melhor massagem do mundo vem de suas mãos.

Cada vez que a conversa vai mudando, seus lábios se aproximam tanto, se beijam tanto, a ponto de você achar que o tempo congelou, o sorriso dele é mais branco que o gelo polar. "Como, às vezes, eu me esqueço disso?" E beija, beija... Nossa, é muito tarde! Agora não tem jeito, preciso dormir, assim não consigo estar inteligente amanhã. A mão dele acha a minha. Nem procurava, mas achou. A cama fica grande, o abraço dele me deixa pequenininha.
A luz não precisa ficar acesa. Os primeiros raios de sol já penetram no quarto. Além disso, nós sabemos de cor os caminhos que vamos percorrer um no outro agora. Enquanto o mundo vai acordando, nós estamos nos amando.

É preciso dormir. E ele precisa ir. Seis e meia. Na casa ao lado, o cheiro do café e as vozes de crianças lembram que o dia raiou. A saudade dele já ficou.


regina vilarinhos

sábado, 22 de janeiro de 2011

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Praticando amor

Há exatos 2 anos, publiquei esse texto aqui no blog.
E lá vou eu de novo republicar texto.
Atual, sincero e oportuno.

Praticando amor
De vez em quando, eu percebo que não estou praticando amor. Caramba! Assumi, sou imperfeita! E agora? Tem tanta gente aí com muito amor para dar, com tanta cena de amor a fazer, com tantas juras de amor a fazer. E eu, aqui, reconhecendo que não ando praticando amor. "Bela poetisa, essa!", dirão alguns. "Acabou-se a farsa", gritarão outros.
Que me importa! Teve gente que já jurou muito pra mim, e eu nem cobrei promessa. Refiz tantas vezes o mesmo caminho para me assegurar se ouvira errado.
O que eu falo e repito e já escrevi sobre isso aqui, não me prometa o que não tens para dar, ou o que nem queres dar. E eu também serei assim contigo. Eu mesma, Regina, rindo e chorando, brigando e cedendo, mas mantendo-me fiel ao que acredito há muito tempo: não sou uma marionete. O bom é que a vida é um ciclo e todos temos muito que aprender ainda.

Mas, reconheço, preciso praticar mais amor, mais eu mesma, porque quem me conhece sabe o tanto que tenho pra oferecer.


PS: Para aqueles que ainda acreditam em si próprios, sem medo de reconhecer que erra, e que pode tentar de novo.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tempestade

essa terra que te expulsa,
esse teto que te desaba,
essa rua que te inunda,
esse rio que te invade,
esse trovão que te assombra,
essa torrente que te prende,
esse volume que te afoga,
essa falta que te medra,
esse vazio que te enche
o nada que te resta.

regina vilarinhos

escrito em janeiro de 2010.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

EU MEREÇO

Partindo da ideia que ninguém sabe melhor do que eu o que realmente quero e mereço dessa vida:

Eu mereço estar onde estou hoje, porque sei bem o quanto custou e custa. É muito melhor do que se possa imaginar.
Eu mereço ter amigas, que me emprestam muita sabedoria. Mereço conhecer a Giovana.
Eu mereço as perdas e os ganhos, cada lágrima que caiu em 2010.
Mereço a minha amiga Patrícia de volta.
Eu mereço a Lud, sendo mãe merecidamente, eu sei que sim.
Eu mereço estar amando de novo, um amor novo e de um homem mais novo.
Eu mereço saber onde anda minha poesia, que ela volte pra casa logo, porque estou pronta para ela.

Assim mesmo:EU MEREÇO, porque a minha vida não é minúscula.