quinta-feira, 28 de junho de 2007

A implosão da mentira






Este texto é parte de um poema de Afonso Romano de Sant´ana, da época da ditadura, e atualíssimo!


Pra quem se esqueceu de que mentira dói!



Fragmento 3


Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo partindo
do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente.
Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.


Fragmento 4


Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem.
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores
cuja verdade das cores escorre no mel
silvestremente.
Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.

Fragmento 5


Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.
E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode

implosiva.

Estamos correndo risco...




Este não é tão novo, mas vale para o dia!





Estamos correndo risco
Regina Vilarinhos

Corremos risco do planeta estufar, do gelo derreter, risco de querer chorar, de bala encontrar.
Corremos o risco de não mais morar onde queremos morar.
Da cratera abrir e no buraco tudo sumir.
Corremos risco de chegar antes e ser tarde, mas também de ser na hora.
De escorregar e cair e achar graça. Ser peixe, saber nadar.
De arar, semear e a árvore crescer.
Corremos o risco do leite não derramar, do arroz não salgar.
Risco de não queimar a carne, do bolo não solar.
Estamos correndo risco de estudar a teoria e na prática ela dar certo.
Defender a monografia, enfrentar a argüição e tirar 10.
Do corte doer e depois a mãe beijar.
De sermos memória e das boas.
Risco de terminar tudo, tinha que ser feito.
De encontrar mais um e, finalmente, ser perfeito.
Corremos o risco do segredo ser revelado, do Buda estar reencarnado.
De acharmos o caminho, mesmo sonhando acordado.
Dizer não e ele ser aceito e de dizer sim, o mais verdadeiro.
Corremos o risco de sabermos do nosso valor e ele ser alto.
Doloridamente. Totalmente. Felizmente!

terça-feira, 26 de junho de 2007

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Texto de segunda...



Esse eu recebi da Chryz agorinha e decidi colocá-lo aí. Abraços!











Uma escolha
autor desconhecido





Mais uma segunda-feira...O sono é enorme, parece que acabamos de deitar e o despertador já toca.Começamos a lembrar do trânsito que teremos que enfrentar, da cara do chefe, dos problemas que nos aguardam, do estresse do serviço e tantas outras chateações, que já ficamos desanimados. Porém, hoje, decidi adotar uma postura diferente. Levantei com sono, mas pus a minha música preferida para tocar e me vi cantarolando pela casa.Decidi estampar no rosto, o melhor sorriso que pudésse.Vesti a calça, combinei a blusa e a bolsa, e demorei alguns minutos na frente do espelho, não apenas conferindo o visual, mas percebendo o quanto de potencial interno eu tinha e que dependia de mim aumentar a minha confiança. Afinal sou capaz de superar os desafios que a vida me apresenta.
Preparei o café e perdi o horário brincando com meu cachorro, como há muito tempo não fazia.Mas ao invés de correr, aproveitei os minutos, sabendo que eles não iriam voltar.Ao sair pude ver a lua que ainda brilhava onipotente e me encantei. E sem pressa de chegar, caminhei pelas ruas e admirei as flores.Passei a contemplar o canto dos pássaros.Esqueci todas as dores que um dia me fizeram chorar.E nesse momento, decidi mudar a minha história.
Comecei a sorrir para todas as pessoas que encontrei.Fui adiante e descobri que a alegria brota do coração. Não está distante, nem é difícil. Basta desistir de encontrá-la, na forma de um diamante e passar a achá-la nas coisas simples da vida.Ao continuar andando, notei olhos admirados a se perguntarem o motivo de minha felicidade.E apenas achei graça, afinal estava alegre e era o que realmente importava.E como uma criança, voltei a sonhar e acreditar em meus poderes.Talvez não possa voar, como meus heróis de infância, mas pelo menos posso mudar.Muitos dirão que é apenas uma loucura.Mas prefiro ser uma louca e viver a alegria intensamente, do que me fechar num quarto, colecionando mágoas.
Prefiro me sujar, com as cores do guache, do que ver a minha história, terminar como uma folha em branco.Quero espalhar essa alegria que existe dentro de mim e não me incomodar com os pessimistas de plantão.Quero não precisar de motivos, nem justificativas para estar alegre.Quero cantar as boas novas e ter o prazer de acordar a cada manhã, sabendo que o Pai está me concedendo mais uma oportunidade de renovação.
Quero fazer do meu futuro, o reflexo do que estou sentindo hoje.E não importam as dificuldades e nem as caras feias.Muito menos as tristezas, que terei que enfrentar.Nesse instante eu escolho lutar!
E lutarei em todos os momentos, enfrentarei as adversidades e desfrutarei as conquistas.Esquecerei as coisas artificiais e me envolverei por completo.Para muitos, pode parecer estranho ou confuso,Mas que seja.O que importa é essa alegria, que está no meu coração e brilha nos meus olhos.Não importam as dificuldades que encontrarei, irei agradecer por esse dia, sabendo que muito posso realizar.
Irei levantar a cabeça e confiante, seguirei o me caminho, sem me abater com o sofrimento.
Porque eu escolhi viver...

Mau olhado

Segunda-feira dia de espantar mau olhado!


Não tenho inimigos de plantão. Tenho anjos e mentores que me aparam na solidão.

Regina Vilarinhos

sexta-feira, 22 de junho de 2007

sabedoria


Sabedoria

No meio do caminho da vida
são dadas as pistas
dos segredos que se revelarão
lá na chegada.



regina vilarinhos

Começando a vida de blogueira

Pra começar a vida de blogueira, postando um poema inédito:

Partida

regina vilarinhos

Não derramarei o sangue
Não colocarei sobre ti meu corpo.
Basta da tua palavra.
Não te salvo,
não te prendo,
não te entrego.

Orgulho não é minha virtude.
Criação não é tua verdade.

Fogo e terra se esvaem,
Água e ar se invadem.

O tanto que me enganaste.
O tanto que me feriste
Ficou minha cruz pendurada
ficou a ilusão atada,ficou meu medo, que persiste.