terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Preciso do som da porteira batendo, do galo cantando. Preciso do sol se pondo atrás do morro e da vida seguindo em frente pela estrada, para que eu possa descansar embaixo do ipê amarelo. Porque eu tenho uma solidão mineira guardada dentro de mim e os olhos transbordam uma saudade de onde não vivi.




Espiral

Espalhei-me pela Terra,
fiz caminhos de Lua
para me perseguirem.
Os que não me alcançam são
os tolos, estes que esperam
pela máquina do mundo,
em estradas e ilhas
perdidas no meio do nada
dentro deles mesmos.
E ficam aí, em devaneios,
na espiral de seus egos.

regina vilarinhos - 2014

PARTIDAS DE MIM


Partidas de mim

Beberei a minha solidão
mesmo você estando aí,
esquecido, aos meus pés.
O pesadelo vai passar e deixarei para trás
a minha fome de eternizar o doce sabor
do beijo,
do abraço,
do gozo.

Onde o farol?
Onde o terno caminhar na areia?
Onde as noites de lua ficarão, quando na manhã
o cinza cobrir a janela?

Muitos temores, muitos os silêncios.
Ali no peito o que dói
é o vento assombrado e frio.
Ali, nos olhos, o que cega é o sal.
Para além dos detalhes do corpo
existiram as tatuagens.
Ficaram as cicatrizes.

Uma a uma, a transcrever
a memória do amor.

regina vilarinhos - 2014




Foto: Partidas de mim

Beberei a minha solidão
mesmo você estando aí,
esquecido, aos meus pés.
O pesadelo vai passar e deixarei para trás
a minha fome de eternizar o doce sabor
do beijo,
do abraço,
do gozo.

Onde o farol?
Onde o terno caminhar na areia?
Onde as noites de lua ficarão, quando na manhã
o cinza cobrir a janela?

Muitos temores, muitos os silêncios.
Ali no peito o que dói
é  o vento assombrado e frio.
Ali, nos olhos, o que cega é o sal.
Para além dos detalhes do corpo
existiram as tatuagens.
Ficaram as cicatrizes.

Uma a uma, a transcrever
a memória do amor.

regina vilarinhos - 2014

LOUCA

LOUCA

Tento resgatar a louca que passou por mim um dia.
Aquela que não me deixava cair,
que ria muito sozinha e
que se deliciava vendo os risos dos outros.
Tento não me esquecer o quanto é preciso estar louca,
para vencer o medo de mergulhar
no grande abismo do amor
e não precisar de paraquedas
Viver no apego louco de olhar para o céu todas as manhãs,
acreditando mais uma vez que tem um azul feito
só para mim.
Sentir bem perto a insensatez de provar o sabor de beijos
doces, de comidas cheirosas, de subir a montanha,
de soltar as asas.
O insano prazer de ouvir a chuva cair e não se lamentar.
Ser demente, idiota, alienada, cega,
desatinada.
Incrivelmente, perdida.
Deliciosamente, desvairada.
Parva, doida, imprudente.
Apaixonantemente, fora de mim.
Incompreensivelmente, liberta.

regina vilarinhos - 2014

PROMESSAS DIFÍCEIS

PROMESSAS DIFÍCEIS

Ser o Fernando nosso de cada dia
junto com o Vinícius,
e Cora e Cecília.
Tentar a poesia e o verso,
amar o infinito momento e
desejar a vida imensamente.
Inventar as pessoas dentro
e por fora, ser um só.
Para ser inteira.
Ou simplesmente ser.

Devagar. Depressa. Aos solavancos.

E mais, muito mais, nem tão
Quintanamente baixinho.
Passarinhamente como Manoel.
Ardendo como Camões.
E amar descontroladamente
como Chacal.


regina vilarinhos