terça-feira, 28 de junho de 2016

FLIP 2016 e as vozes que são esquecidas

A programação da FLIP 2016 está voltada para a mulher e a poesia. Ana Cristina César é a homenagem deste ano.
Não vou desde 2015. Não tenho mais gás e energia pra ir, rodar pelas pedras, mostrar meu trabalho. Nem mesmo para a OFF FLIP tenho mais tanta vontade assim.
Mas hoje encontrei esta carta, que é importante divulgar e provocar o debate.

Carta aberta à Festa Literária de Paraty

UMA EREMITA URBANA

Desapeguei. Parti. Caminhei em outra direção.
Falo só para mim. Escrevo só para mim.
Minha casa e meu café, alguns poucos amigos e amigas.
Minhas plantas e meus quadros.
Poesia em volta de mim só meus livros, meus discos e meus bichos. Nada mais?
Os sabores que faço, os ventos que me sugerem cantos, os perfumes e sons que entram pela minha janela.

O que se quiser dizer, que se diga.
O que se quiser julgar, que se julgue.
Suportarei o convívio comigo mesma.
Sem medo da doce solidão sem tédio.
A elegância do céu azul ou cinza, eu escolherei para meus dias.
A companhia das estrelas.
O que será escuro não será significado de noite para mim.
E daqui a alguns anos ou meses, se quiser fazer tudo de novo, eu faço. Desapeguei de algumas datas.
Que eu seja cada vez mais a energia que produz paz; que eu seja cada vez menos a justificativa dos outros.
Quero ser para mim o que tenho me pedido desde a adolescência.
“Nonada”. E depois dela, um todo de mim.
regina vilarinhos

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Haicai

Haicai
Colibri colorido
é um beijo no
umbigo.
Beijo na chuva
é a trama da
vulva.
Jujuba e beijo
um doce e um
desejo.
Arrepio com jeito
beijo dado no
peito.