Poema de José Craveirinha - poeta Moçambicano falecido em 2003
Tambor está velho de gritar
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
corpo e alma só tambor só tambor gritando na noite quente dos trópicos.
Nem flor nascida no mato do desespero
Nem rio correndo para o mar do desespero
Nem zagaia temperada no lume vivo do desespero
Nem mesmo poesia forjada na dor rubra do desespero.
Nem nada!
Só tambor velho de gritar na lua cheia da minha terra
Só tambor de pele curtida ao sol da minha terra
Só tambor cavado nos troncos duros da minha terra.
Eu
Só tambor rebentando o silêncio amargo da Mafalala
Só tambor velho de sentar no batuque da minha terra
Só tambor perdido na escuridão da noite perdida.
Oh velho Deus dos homens
eu quero ser tambor
e nem rio
e nem flor
e nem zagaia por enquanto
e nem mesmo poesia. Só tambor ecoando como a canção da força e da vida
Só tambor noite e dia
dia e noite só tambor
até à consumação da grande festa do batuque!
Oh velho Deus dos homens
deixa-me ser tambor
só tambor!
José Craveirinha
sexta-feira, 28 de março de 2008
quinta-feira, 20 de março de 2008
Na savana

O morrer e renascer fazem parte da grandeza de amar. Só conseguimos enxergar isso porque amamos demais, tudo em nós cheira a amor e quer amor. Por isso, a frase "Eu sou poeta e não aprendi a amar", é tão verdadeira. Nós não aprendemos a amar. Aprendemos a querer amar. Precisamos amar alguém ou algo ou tudo ao mesmo tempo. Pois esta intensidade só nos faz acreditar que estamos vivendo um dia após o outro, sem prestar atenção na qualidade de nosso amor por nós mesmas.
Quando chega o nosso homem, objeto do nosso amor do momento, nós somos um bichinho frágil. Quando ele parte, nós viramos onça e caçamos nossa presa. Parece que é tudo um jogo. E no final da caçada, os restos de nós mesmas ficam espalhados na savana. Não foi a presa que se feriu. Fomos nós. Os abutres nos rodeiam, fantasiados de pássaros lindos, esperando o último suspiro, que não sai. Curamos sozinhas nossas feridas.
E, claudicando, ofegando e nos lavando na água de nossas lágrimas, nosso olhar em volta acredita que temos amor de novo e podemos recomeçar a viver. Parece dramático, fim de mundo. Mas é assim.
Nos poucos momentos felizes que guardamos de cada um deles, vamos fazendo um tour em nós mesmas, em nossas savanas, preparando novas armas para o ataque e se esquecendo de aprender a defesa.
regina vilarinhos
sexta-feira, 14 de março de 2008
sexta-feira, 7 de março de 2008
Feliz Mulher no dia-a-dia
A escolha de ser mulher nos é dada a todo minuto.
Lembro de quando era menina e tinha de escolher entre o rosa e o azul; quando adolescente, entre ser enfermeira ou professora; mais tarde, entre casar ou ser “titia”.
A opção de cada uma deve ser respeitada, e hoje sabemos que existe muito mais a escolher quando se resolve ser mulher de verdade. Percorremos caminhos difíceis como todos, quando resolvemos ser íntegras, verdadeiras, cidadãs, trabalhadoras, profissionais, éticas, mães, esposas, amantes, amadas, enfim, quando resolvemos a rota para encontrar nossa felicidade.
Em cada etapa de nossas vidas, vemos o mundo com olhos diferentes, com a sensibilidade que nos é particular. Aprendemos caindo e levantando. Manchamos muitas blusas com nossa maquiagem borrada pelas lágrimas. Marcamos muitas bochechas de nossas amigas, de nossos amigos, dos nossos filhos e dos nossos amores de vermelho batom.
Muitos reduzem nossas escolhas entre sermos louras ou morenas, gordas ou magras, fashion ou brega, de cabelos brancos ou com luzes, inteligente ou burra.
A nossa escolha é sermos humanas!
Assim, não é apenas um simples duelo de quem é melhor, de quem sabe mais, de quem é o mais forte. Estamos juntas com os homens para fazermos o equilíbrio energético do planeta.
Se existe o sim, nós podemos ser não.
Se existe a noite, nós chegamos de dia.
Se existe o Sol, nós brilhamos com a Lua.
Se existe o mar, nós somos terra firme.
Se existem retas, nós ensinamos as curvas.
Se existe o cinza, nós temos as cores do arco-íris.
Se existe o velho, nós somos crianças.
Se existe o rude, nos mostramos o belo.
Se existe muita prosa, nós falamos poesia.
O melhor de tudo é estarmos vivas e prontas para sermos felizes um dia de cada vez!
regina vilarinhos
Lembro de quando era menina e tinha de escolher entre o rosa e o azul; quando adolescente, entre ser enfermeira ou professora; mais tarde, entre casar ou ser “titia”.
A opção de cada uma deve ser respeitada, e hoje sabemos que existe muito mais a escolher quando se resolve ser mulher de verdade. Percorremos caminhos difíceis como todos, quando resolvemos ser íntegras, verdadeiras, cidadãs, trabalhadoras, profissionais, éticas, mães, esposas, amantes, amadas, enfim, quando resolvemos a rota para encontrar nossa felicidade.
Em cada etapa de nossas vidas, vemos o mundo com olhos diferentes, com a sensibilidade que nos é particular. Aprendemos caindo e levantando. Manchamos muitas blusas com nossa maquiagem borrada pelas lágrimas. Marcamos muitas bochechas de nossas amigas, de nossos amigos, dos nossos filhos e dos nossos amores de vermelho batom.
Muitos reduzem nossas escolhas entre sermos louras ou morenas, gordas ou magras, fashion ou brega, de cabelos brancos ou com luzes, inteligente ou burra.
A nossa escolha é sermos humanas!
Assim, não é apenas um simples duelo de quem é melhor, de quem sabe mais, de quem é o mais forte. Estamos juntas com os homens para fazermos o equilíbrio energético do planeta.
Se existe o sim, nós podemos ser não.
Se existe a noite, nós chegamos de dia.
Se existe o Sol, nós brilhamos com a Lua.
Se existe o mar, nós somos terra firme.
Se existem retas, nós ensinamos as curvas.
Se existe o cinza, nós temos as cores do arco-íris.
Se existe o velho, nós somos crianças.
Se existe o rude, nos mostramos o belo.
Se existe muita prosa, nós falamos poesia.
O melhor de tudo é estarmos vivas e prontas para sermos felizes um dia de cada vez!
regina vilarinhos
quinta-feira, 6 de março de 2008
O maior poeta de Volta Redonda!
FUGA
esqueço nomes dias datas
minha nave de prata
pirado pirata flibusteiro
na ebulição do tempo atento
ilógico o tempo inteiro
esqueço que me sinto
que me dopo que me estrepo
retrato da inanição
quando me zune o snague
insana gana suicida
esqueço que me assino
que me escrevo escravo e desejo
esqueço que me ensinam
matar e mentir
esqueço o apreço
e o que não mereço
esquecer lembrar memorar
quem serei
quando a memória for
para não voltar?
Rastero - o poeta primeiro
esqueço nomes dias datas
minha nave de prata
pirado pirata flibusteiro
na ebulição do tempo atento
ilógico o tempo inteiro
esqueço que me sinto
que me dopo que me estrepo
retrato da inanição
quando me zune o snague
insana gana suicida
esqueço que me assino
que me escrevo escravo e desejo
esqueço que me ensinam
matar e mentir
esqueço o apreço
e o que não mereço
esquecer lembrar memorar
quem serei
quando a memória for
para não voltar?
Rastero - o poeta primeiro
terça-feira, 4 de março de 2008
Horizonte
segunda-feira, 3 de março de 2008
Houve uma vez um...
Peregrino,
caminhando em minhas estradas
descansando em minhas sombras.
Alpinista,
galgando minhas montanhas
repousando em meus vales.
Cavaleiro,
galopando meus campos,
bebendo de minhas fontes.
Bandeirante,
penetrando minhas cavernas,
devastando minhas matas.
Idealista,
teorizando meu mundo,
dominando meu medo.
Poeta,
escrevendo em meu livro,
assinando com meu suor.
Peregrino de mim,
alpinista sem bandeira,
cavaleiro sem corcel,
bandeirante saciado,
ideal de meus sonhos,
poeta de meus versos.
regina vilarinhos
caminhando em minhas estradas
descansando em minhas sombras.
Alpinista,
galgando minhas montanhas
repousando em meus vales.
Cavaleiro,
galopando meus campos,
bebendo de minhas fontes.
Bandeirante,
penetrando minhas cavernas,
devastando minhas matas.
Idealista,
teorizando meu mundo,
dominando meu medo.
Poeta,
escrevendo em meu livro,
assinando com meu suor.
Peregrino de mim,
alpinista sem bandeira,
cavaleiro sem corcel,
bandeirante saciado,
ideal de meus sonhos,
poeta de meus versos.
regina vilarinhos
Partida
Não derramarei o sangue
Não colocarei sobre ti meu corpo.
Basta da tua palavra.
Não te salvo,
não te prendo,
não te entrego.
Orgulho não é minha virtude.
Criação não é tua verdade.
Fogo e terra se esvaem,
Água e ar se invadem.
O tanto que me enganaste.
O tanto que me feriste
Ficou minha cruz pendurada
ficou a ilusão atada,
ficou meu medo, que persiste.
regina vilarinhos
Não colocarei sobre ti meu corpo.
Basta da tua palavra.
Não te salvo,
não te prendo,
não te entrego.
Orgulho não é minha virtude.
Criação não é tua verdade.
Fogo e terra se esvaem,
Água e ar se invadem.
O tanto que me enganaste.
O tanto que me feriste
Ficou minha cruz pendurada
ficou a ilusão atada,
ficou meu medo, que persiste.
regina vilarinhos
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