quarta-feira, 22 de março de 2017

Outono

Sempre gostei do outono. Sou de Aquário, nasci em pleno verão de Porto Alegre, mas sou do outono.
Minhas viagens à passeio são escolhidas para lugares de campo, serra. Quase nunca vou às praias. Gosto de mar, mas a montanha e as cachoeiras são a minha paixão.
Eu sinto gosto de outono no meu café de todo dia. As lembranças da adolescência e juventude são da casa cheia no outono. Até mesmo para escrever, me sinto mais inspirada depois do verão. Não é amargura, nem melancolia. É um prazer pelos cheiros, ventos e sorrisos que ficam diferentes nesta estação.
"As manhãs de outono me fazem lembrar de um tempo que minha mãe sentava ao sol, no quintal, catando feijão ou arroz, e eu ficava ao seu redor, para aproveitar o calor dos dois. Às vezes, fazia tricô ou crochê." Isto escrevi em outra crônica, há anos atrás.
E porque foi tão quente último verão, porque tivemos tantos fatos pavorosos e bárbaros nos alimentando o estresse diário, porque somos tão pequenos diante de tantas injustiças, é que desejo para nós uma estação doce, fresca, lutando juntos pela vida que merece respeito em todas as circunstâncias.
Não deixar de ver a realidade, mas conspirar a favor da mudança dela. Não reclame das folhas caindo no quintal e nas ruas. Sinta o perfume que exalam ao serem juntadas para secar.
Porque elas nos deixam entender o que ficou para trás.

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