sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Poemas e poetas especiais

Nos achados para a monografia de fim de curso, encontrei alguns poemas, todos da década de 80, que é o período que estou registrando. Autores volta-redondenses, cada um com seu estilo próprio, que mostram a diversidade de nossos poetas.

Bernardo Maurício, Durval Cortez, Eliane Lacerda e Silvio da Fonte...

Em breve outros mais.

"Crepúsculo do Poema Utópico

Na surpresa do regresso nulo
Na busca de rostos amigos
No inútil consolo dos homens inconsolados
No choro dos covardes iludidos
Na ilusão enjaulada
Na contaminada procura do poeta
Nos deturpados sonhos da ciência
Nas máscaras das doutrinas
Na ignorância dos deuses forjados
No orgulho dos heróis de barro
Na decepção da criança
E na verdade poluída
Encontrei o tempo
E o infinito do teu corpo:
Nos teus olhos pratiquei meu olhar
Nos teus lábios encurtei meu sorriso
E curvei-me para o amor do minuto gasto."


Bernardo Maurício - no livro "É proibido enterrar os sonhos"


"Rio Paraíba do Sul – in Memoriam

No verde vale brotou
Esta cidade hedionda
Que o rio homenageou
Com sua volta redonda.

Com o chamariz do progresso
Muitos homens pagaram para ver
Vindo de longínquas terras
Para nesta terra morrer.

E com sua obra faraônica
Sucumbiu ao cansaço
Retribuindo para o rio
O vômito do aço.

Adeus traíra e lambari
Adeus dourado e piau
Paraíba só leva no leito
A borra do vil metal."

Durval Cortez - no livro "Persistindo no viver"


"Depoimento de um poeta

Sou acusada de sonhar...
De falar de amor,
De declarar minha solidão,
De insinuar paixões,
De estar sempre presente,
De recriminar!
De admitir e ser...
Sr. Promotor, ouça-me:
Se não amei-desamando,
Sei exatamente como amar-amando.
Se não tenho provas de que vivi,
Experimento, todos os dias,
O prazer de respirar;
Não vivi aventuras,
Mas faço, de todos os momentos,
Um eterno arriscar-arriscando-me...
Sou acusada todos os dias,
E mesmo assim ainda escrevo!
Não me torturem mais...
Nem me coajam...
Eu apenas quero falar do que
Sinto-sentindo!
A sentença foi dada,
Eu me condenei a permanecer
Infinitamente calada-calando-me!!!"


Eliane Lacerda - no livro "Além das Palavras"


"Prisão Perpétua

fruto da terra...
revoltado descendente de utópicas quimeras
e ingênuas realizações...

o que faço
nem sempre é lógico e coerente...
visto que costumo realçar e dar sincera ênfase
às minhas emoções!...

... me sinto
um rico continente...
explorado e a espera de um consciente
redescobridor...

príncipe
nunca encantado!...
afogado de pacíficas fantasias...
e desde os mais inocentes tempos de criança
apaixonado e preso... eternamente preso
nas irresistíveis armadilhas
do próprio amor!..."


Silvio da Fonte - do livro "Eu e o Poeta"

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