domingo, 19 de janeiro de 2014

Olhos cheios d´água

Regina Vilarinhos


Esse jeito da gente olhar para o outro e querer que se enxergue as palavras.
E eu queria um dia dizer para todos palavras tão simples,
que não precisassem ser apagadas e reescritas,
pois todas as partes que me conhecem,
todas as partes que me prendem,
em cada um dos meus amigos,
são feitas de simplicidade.
De qualquer lugar onde pudessem me ver e ouvir,
saberiam que elas me anunciavam.
Meu primeiro ai, saindo da dor que não explico,
sobre a vontade que tenho de cuidar de cada um de meus amores.
Todo os meus "até logo" precisavam ser "não se vá".
Nenhum deles nunca couberam dentro de minha mão,
mas sempre estiveram lá.
Nem sempre me deram razão, mas sempre me acharam razoável.
De tudo o que soubesse dizer, nada poderia sair por completo antes de minha boca completar a fala.
O prato que servi, a comida que fiz, não tem sabor de ver que guardo nos meus olhos.
Ver foto de Elvis, ouvir mpb, assistir um filme de amor,
pensar nas melhores amigas, dormir com a filha,
tomar chopp, sorvete,
sentir o vento no rosto, fazer o café,
viajar em boa companhia
e lembrar de não esquecer a chuva no telhado,
me fazendo crer que estou em Passa Quatro.
Se fosse só saudade seria fácil explicar,
mas nem de amor é bom falar,
porque fica perdida a metafísica do jeito
mais que de ser poeta, mas de querer ser perfeito.

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