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Justiça em prosa e verso
Um juiz, provavelmente entediado, resolveu deixar seu trabalho, digamos, um pouco mais divertido: proferiu seu voto em forma de verso durante um julgamento na semana passada. O juiz Afif Jorge Simões Neto, da 2ª Turma Recursal Cível do Rio Grande do Sul, encontrou uma forma até criativa para negar um pedido de indenização feito pelo chefe de um rapaz que, durante um discurso na Câmara dos Vereadores de Santana do Livramento, afirmou que ele não prestava conta das verbas públicas recebidas para a realização de eventos. Imagina se a moda pega?!
Confira aqui o voto-poema ( Proc. nº 71001770171 ):
"Este é mais um processo
Daqueles de dano moral
O autor se diz ofendido
Na Câmara e no jornal.
"Tem até CD nos autos
Que ouvi bem devagar
E não encontrei a calúnia
Nas palavras do Wilmar.
"Numa festa sem fronteiras
Teve início a brigantina
Tudo porque não dançou
O Rincão da Carolina.
"Já tinha visto falar
Do Grupo da Pitangueira
Dançam chula com a lança
Ou até cobra cruzeira.
"Houve ato de repúdio
E o réu falou sem rabisco
Criticando da tribuna
O jeitão do Rui Francisco
"Que o autor não presta conta
Nunca disse o demandado
Errou feio o jornalista
Ao inventar o fraseado.
"Julgar briga de patrão
É coisa que não me apraza
O que me preocupa, isso sim
São as bombas lá em Gaza.
"Ausente a prova do fato
Reformo a sentença guerreada
Rogando aos nobres colegas
Que me acompanhem na estrada.
"Sem culpa no proceder
Não condeno um inocente
Pois todo o mal que se faz
Um dia volta pra gente.
"E fica aqui um pedido
Lançado nos estertores
Que a paz volte ao seu trilho
Na terra do velho Flores."
A justiça e a poesia andam juntas!
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