tag:blogger.com,1999:blog-6329762416582278313.post5579107933319690099..comments2023-06-26T10:27:52.194-03:00Comments on Regina Vilarinhos: Criação coletiva -Regina Vilarinhoshttp://www.blogger.com/profile/13249367873562504791noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-6329762416582278313.post-89517033372310013482012-04-18T15:05:36.785-03:002012-04-18T15:05:36.785-03:00Era angustiante pensar em Dora daquele jeito. Os ú...Era angustiante pensar em Dora daquele jeito. Os últimos dias tinham sido assim e eu precisava terminar meu trabalho, tinha prazos a cumprir, mas só havia Dora em meus pensamentos. As últimas palavras desapareciam, como Dora. As últimas palavras fugiam, como Dora. As últimas palavras escapavam, como Dora. Mas do que ela queria escapar? De quem? De mim? De nós? Ela parecia tão feliz com seu curso de enfermagem, seus novos amigos, com a cidade grande...Conosco. Dora agora, era um rosto diante dos meus olhos, um rosto lindo, com seus olhinhos verdes e brilhantes, sua boca inocente, seus cabelos negros cascateando ondas pelos ombros. O cheiro de Dora permanecera em meus lençóis,seu cheiro de mar, seu corpo impresso ali como da última vez em que se deitara...Seu corpo jovem. Dora tão mais jovem que eu, tão mais viva que eu. Seu sorriso espalhado pelo apartamento, risadinhas brilhando feito borboletas translúcidas pelo ar. Minha Dora adorada por mim, dourada pelo sol da sua cidade a beira mar e tão gentil, fragilmente gentil. Eu, homem feito, poeta e escritor, pai de filhos que não queriam um pai, ex marido de mulheres que me odiavam, apaixonado por uma menina, uma caiçara do oceano azul. Porque me abandonara? Me abandonara? Porque Dora, porque?Já passava das quatro da tarde e a minha angústia não encontrava sossego. As últimas palavras não queriam acontecer, enquanto Dora ia acontecendo dentro de mim. Liguei para o seu celular mais uma vez. Mudo. Nada. Deserto. Decidi então, ligar mais uma vez para Anabel, a detetive muito simpática que me atendera na delegacia. Tomei coragem e liguei direto para seu número particular, quem sabe ela teria alguma notícia que me aliviasse a preocupação. Ouvi o toque de chamada e esperei. Meu coração batia tão forte, que podia senti-lo fora do peito.Anielli Carrarohttps://www.blogger.com/profile/09821230162756075522noreply@blogger.com